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O perdão alivia quem perdoa e quem é perdoado

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Diariamente, enfrentamos desentendimentos, brigas e términos – momentos difíceis e estressantes que poderiam ser evitados com um simples gesto de perdão.

No entanto, sejamos claros, perdoar não é uma tarefa fácil. É como carregar uma bagagem de ressentimentos que, às vezes, parece difícil deixar para trás.

Afinal, como deixar de lado a mágoa quando ela parece ser a única defesa contra a repetição de feridas do passado? Esses sentimentos são naturais, mas se não conseguirmos superá-los, podem nos prejudicar.

Duas velas brancas queimando suavemente em um fundo preto, emanando uma luz suave e tranquila. A imagem transmite a sensação de paz e serenidade, simbolizando o perdão e a purificação.
@gettyimages em Canva.com

Erros assim são uma verdade inegável da condição humana

E é justamente por essa inevitabilidade que o perdão se revela como um ato generoso e necessário. Imagine aquele amigo que não devolveu aquele livro que você tanto gostava.

Ou aquela discussão acalorada com alguém querido por algo que, no calor do momento, pareceu imperdoável. Dessa forma, tentar manter boas relações seria como construir castelos sobre alicerces frágeis.

Porém, a importância do perdão muitas vezes escapa à compreensão cotidiana. Poucos realmente entendem o impacto transformador que esse gesto pode ter na qualidade de nossas relações e da nossa saúde.

Então, o que dizem as pesquisas? Existe uma ciência por trás desse ato tão humano?

Pesquisas, como a conduzida por Toussaint LL, Shields GS, Slavich GM, mostram que manter ressentimentos não é a saída para os problemas e é bastante improvável que essa atitude garanta alívio emocional.

O objetivo da pesquisa foi analisar os efeitos do perdão na saúde de quem perdoa.

Ela foi realizada com 332 participantes da faixa etária entre 16 e 79 anos. E os pesquisadores acompanharam as experiências dos participantes durante cinco semanas.

Os resultados foram surpreendentes

Durante esse período, os participantes compartilharam semanalmente seus níveis de perdão, de estresse percebido e de sintomas relacionados à saúde mental e física.

Constatou-se, portanto, que o aumento do nível do perdão, levou à diminuição do estresse e dos sintomas relacionados à saúde mental.

Esses resultados indicaram que a prática regular do perdão está relacionada a uma redução nos níveis de estresse. E essa redução, por sua vez, está associada a uma diminuição nos sintomas relacionados à saúde mental.

Neste sentido…

Perdoar vai além de um ato benevolente em que você se coloca no lugar do outro ou de deixar de lado o rancor. É, na verdade, importante para a saúde mental.

Para compreender esse tema de maneira clara, embarquemos então numa jornada até Dundee, na encantadora Escócia medieval.

Nesse recanto histórico, cruzaremos o caminho de dois homens da terra, Malcolm e Angus. Ambos partilhavam de uma narrativa marcada pelo ódio, alimentado por antigos conflitos familiares.

Malcolm, Angus e o Passado Sombrio

Malcolm, de semblante austero e olhos que guardavam as cicatrizes de incontáveis desventuras, era um homem de princípios arraigados.

Criado em uma família onde ressentimentos ancestrais se entrelaçavam com o próprio DNA, Malcolm carregava consigo o peso de uma herança amarga.

A raiz desse conflito remonta a uma disputa entre seus antecedentes e os de Angus, envolvendo a propriedade de terras que se estendiam por décadas.

Voltar atrás, não era opção

Malcolm, embora não tenha testemunhado pessoalmente os eventos, absorvia a narrativa da disputa como uma parte inseparável de sua identidade.

Desde a infância, ouvia histórias sobre os momentos difíceis e a injustiça sofrida por seus antecessores nas mãos da linhagem de Angus.

Essas histórias eram transmitidas com tal intensidade que se tornavam parte da herança emocional de Malcolm, cultivando nele um profundo ressentimento em relação a Angus e sua família.

Mudanças estavam para acontecer

Malcolm, talvez por capricho, difamava Angus com fofocas cruéis e sabotava suas plantações, transformando a vida deste último em uma batalha contínua.

Num belo dia, Malcolm urdiu um plano que lançou uma sombra nefasta sobre a fazenda de Angus.

A lua observava a tragédia que se aproximava, banhando a fazenda com sua luz melancólica, alheia ao plano maquiavélico que se desenrolava nas sombras.

O plano era posto em ação

Malcolm: (sorrateiro) “Hoje é o dia, meu amigo. A fazenda de Angus conhecerá o fogo que devorará seus campos e celeiro. A ruína será completa”. E, de fato, queimou tudo.

Após a tragédia, enquanto caminhava pelos campos devastados, Angus carregava consigo um coração repleto de tristeza. A traição pairava no ar como uma nuvem carregada de desespero e rancor.

Angus sussurrou desoladamente: “Tudo chegou ao fim. O que já foi nossa vida agora se reduz a cinzas”.

Murmúrios ao fogo

O coração de Angus, mergulhado em desespero, ansiava por encontrar uma saída entre as sombras que se delineavam ao seu redor.

A fazenda, que outrora fora o cenário de sonhos, agora afundava nas sombras da desgraça, desmoronando sem piedade.

Ao lado do fogo crepitante, ele murmurou para si mesmo: “Conquistei o que busquei, mas a mão do destino ainda tece uma trama incerta”.

E assim se passaram alguns meses, desde aqueles momentos difíceis

E, nos confins da colina oposta, ressurgia a fazenda de Angus. Para espanto e confusão geral, ela se erguia com uma vitalidade renovada.Parte superior do formulário

Indagavam, num tom enigmático, como Angus, outrora envolto em sombras, emergia agora como uma fênix.

Numa tarde tranquila, as senhoras da vila se reuniram na praça central, sob a sombra das árvores centenárias.

Aquele mistério pairava sobre o pequeno vilarejo

Entre cochichos e olhares curiosos, a senhora Agnes compartilhou suas dúvidas: “Vocês notaram como Angus, o desafortunado, recuperou sua fazenda? Fico me perguntando de onde ele tirou isso”.

Margaret, segurando sua xícara de chá entre as mãos, replicou com um sorriso enigmático.

“Conta-se por aí que os silenciosos são detentores dos segredos mais profundos. Angus, talvez, tenha sido um espectador paciente, aguardando o momento propício para ressurgir com todo o seu esplendor”.

As risadas e os sussurros persistiram, deixando para trás…

… uma atmosfera envolta em mistério. Numa manhã ensolarada, Malcolm decidiu se aventurar até a fazenda de Angus. O que viria a seguir?

Uma inquietação pairava sobre seus pensamentos, uma curiosidade persistente sobre o motivo pelo qual a vida brindava Angus com sorrisos tão favoráveis, enquanto para ele, as coisas pareciam não se encaixar.

O que se seguiu foi uma revelação surpreendente. Ao chegar ao local, Angus o acolheu com um sorriso radiante estampado em seu rosto.

Olá, Malcolm – disse Angus. – O que posso fazer por você?

“Eu quero saber como você conseguiu superar tudo o que aconteceu” – disse Malcolm. “Foi simples. Eu apenas te perdoei”.

Malcolm ergueu as sobrancelhas, seus olhos revelando surpresa e curiosidade. “Perdoou?” Indagou ele, visivelmente surpreso.

Sim, perdoei – disse Angus. – “Eu sei que não agiu com a intenção de me prejudicar. O rancor, às vezes, é uma tempestade que nos leva para caminhos inesperados. Eu entendo a sua raiva”.

Malcolm, então, mergulhou em um silêncio profundo…

… como se estivesse fitando algo que nunca antes encontrara diante de seus olhos.

A compreensão se desvelava vagarosamente, como uma flor desabrochando suas pétalas à carícia do primeiro raio de sol.

Malcolm, com um suspiro profundo, quebrou o silêncio tenso que pairava entre eles. “Você está certo”, disse com os olhos refletindo uma mistura de arrependimento e pesar.

“Eu estava tomado pela raiva. Raiva de você, raiva da minha família,…

… raiva do mundo”. “E essa raiva, meu amigo, acabou por lhe fazer mal” – disse Angus. – Fez com que você desse pouca atenção ao que realmente importa: suas responsabilidades e sua existência.

Angus, frente às adversidades, fez a escolha de perdoar. Assim, mesmo diante das dificuldades, jamais permitiu que o ressentimento se apossasse de seu coração, preferindo, ao invés disso, seguir em frente.

Frente a essas palavras, Malcolm confrontou seus próprios sentimentos. Uma semente de perdão foi plantada, e ele começou a perceber como o sentimento de ódio apenas prolongava seu sofrimento.

O perdão como um poder que transforma

Inspirado pelo exemplo de Angus, Malcolm escolheu seguir pelo caminho do perdão, libertando-se das correntes emocionais que o mantinham aprisionado.

Essa estória reflete as conclusões extraídas das investigações de Toussaint e Slavich.

O perdão não só alivia a dor emocional, mas também capacita os indivíduos a enfrentarem os desafios de maneira mais resiliente e compreensiva. Pergunta final: você está mesmo disposto a praticar o perdão?

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