Você já parou para pensar como é importante ter maturidade durante uma discussão? Como aquela citação que li outro dia dizia:
“A verdadeira maturidade está em reconhecer que nem sempre é necessário ter a última palavra.”. Isso, claro, me fez pensar em situações que nem levava muito a sério.
Mas, no fim das contas, o que é exatamente uma discussão? Ao longo deste texto, a gente vai dar uma olhada nisso, mergulhar nessa questão importante e ainda te dar algumas dicas.
Discutir: quando vale a pena se envolver?
Provavelmente você já se deparou com inúmeros conteúdos que prometem ensinar como se dar bem em discussões, certo?
Eles geralmente sugerem coisas como “seja sério quando precisa”, “faça piadas quando apropriado”, “reclame menos” ou até “dá um block ou corta contato com quem tá te fazendo mal”.
Embora essas dicas possam ter sua relevância, a verdade é que nem toda discussão é uma perda de tempo. Na realidade, eu diria que muitas delas realmente valem a pena discutir.
Explorando as raízes do nosso raciocínio
Tempo atrás, dei de cara com um vídeo que fez minha mente dar um nó. O título era “Repensando o Pensamento” (nada mais sugestivo, né?), disponível no canal Ted-Ed.
Trevor Maber, apresentou a ideia de uma “escada de inferência”, que é basicamente uma forma diferente de repensarmos como lidamos com nossas interações.
A “escada de inferência” é uma ideia que nos ajuda a entender como as nossas crenças e experiências passadas acabam moldando a maneira como interpretamos informações e chegamos a conclusões.
Então, como é que isso funciona na prática?
Imagine só essa cena: você tá lá trocando uma ideia com um camarada seu. No meio do papo, ele solta uma opinião que você discorda fortemente.
Pois é, é nesse momento que você começa a subir o degrau da “escada de interpretação” – ou inferência, como o Trevor fala. Primeiro, você seleciona as partes do papo que estão relacionadas com o tema.
Aí vem a parte em que você coloca sentido nessas partes usando as suas próprias vivências, crenças e valores.
Pegou o conceito? Ainda tem mais por vir
Depois de atribuir sentido, você começa a fazer suposições sobre o que ele quis dizer, baseado na interpretação que você deu aos detalhes.
Conforme o vídeo seguia, os argumentos que eram apresentados tinham tanta solidez e eram baseados em fatos de tal forma que comecei a colocar em dúvida minhas próprias crenças.
Foi aí que eu percebi que estava lendo as informações de um jeito enviesado, colocando significados influenciados pelas minhas próprias crenças e tirando conclusões rápidas sobre o que os outros pretendiam.
Reunindo os fatos
Na minha experiência, uma discussão social é meio que como um quebra-cabeça, onde todos os pedaços estão soltos e só esperam para ser encaixados.
É um momento em que as vozes se elevam e as ideias se entrelaçam, buscando encontrar um consenso ou, pelo menos, uma compreensão mútua.
Parte das discussões que a gente se envolve são de natureza técnica. Mas mesmo nesse caso, sempre pode haver partes em que a interpretação de um conflita com a do outro.
Essa subjetividade de nosso jeito de interpretar o outro…
… acontece mais do que a gente imagina. Quando a coisa é social, por exemplo, a gente quer é marcar nossa posição, defender nossas crenças e fazer valer nosso ponto de vista.
E é por isso que, quando tem duas ou mais pessoas no mesmo lugar, é praticamente certo que vão surgir interpretações e opiniões diferentes.
Cada um de nós enxerga as coisas de um jeito e, claro, a gente quer que elas sigam nosso caminho. Isso se aplica a você, a mim, e a todos nós.
Antes de entrar na discussão, faça uma reflexão
Deixa eu te explicar… é como se cada um de nós fosse um maestro regendo uma orquestra, buscando que a melodia seja tocada de acordo com nossa partitura.
Mas então, o que fazer nessas horas? Antes de entrar em uma discussão, é importante avaliar alguns pontos.
Primeiro, você realmente conhece a pessoa com quem está discutindo? Sabe o que está motivando a pessoa a bancar o advogado do argumento dela? Entende como ela chega às suas conclusões?
Eu sei, não é fácil…
Com isso em mente, é legal ver se a pessoa tá a fim de trocar uma ideia sobre o assunto. A pessoa se sente confortável em abordar o tema?
Os medos dela não vão transformar tudo em um problema ainda maior? E, por que ela teria medo dessa discussão? Quais são seus fantasmas?
Outro ponto importante é a confiança mútua. A pessoa confia em você? Ela valoriza seus esforços para apresentar argumentos, mesmo quando há divergências? Caso não, como você pode construí-la?
Ter um propósito em comum pode fazer grande diferença
E por último, uma coisa que não pode ficar de fora é fazer a pessoa sentir que ela faz parte da solução. E, ter um propósito comum a inclui como parte dessa solução.
Ela sabe que não é só uma competição de egos, mas sim uma busca para resolver um pepino juntos? Isso é uma forma de facilitar que ela foque a solução, em vez do ego.
Não importa o cenário, o primeiro passo – e o mais importante – para lidar com discussões é entender onde a gente está e onde quer chegar. Essas perguntas podem te ajudar nesse processo.
Discussão – é tudo sobre alinhar interesses
Uma das razões pelas quais os negócios saem na frente em relação às questões morais é porque, nos negócios, o propósito é ganhar dinheiro e todos entendem isso.
Quando se fala de moralidade, geralmente é mais sobre o que é certo ou errado e como nossas opiniões vão ser consideradas. No amor, podemos aplicar a mesma lógica.
Quando duas pessoas se amam e têm um propósito em comum, a discussão não se trata de quem tem o melhor ponto de vista ou o melhor plano. Trata-se de encontrar um modo de atingir o propósito.
Discussão: você deve priorizar o que traz benefícios reais
Quando se fala de bate-papos difíceis, sempre tem um caminho longo pela frente. Acredito que a maturidade reside em reconhecer o que podemos ou não absorver desses momentos.
Costumo dizer que, antes mesmo da discussão começar de fato, é necessário montar uma espécie de canal seguro para a troca de ideias.
Pode-se achar que criar um canal de comunicação é perda de tempo. Mas é um bom investimento de tempo, pois evita a perda de tempo e energia de se entrar em uma discussão acirrada.
Quando discutir vale a pena
Para fechar o assunto, acredito que as pessoas devem primeiro estabelecer seus propósitos, ou seja, o que desejam alcançar na reunião.
Quando isso está claro, fica mais fácil chegar a um ponto em que ambas as partes possam encontrar um acordo sobre o que estão querendo de fato.
Isso, obviamente, evita discussões desnecessárias e, o que é ainda melhor, promove um diálogo social construtivo.