O futuro que te espera está apenas dentro de você, por enquanto. Suas ações são necessárias para projetá-lo no mundo, embora insuficientes. E uma mudança em você pode ser o que falta.
Esse “futuro” não está em sua mente, mas dentro de suas células. E te empurra em direção ao futuro lá de fora. Mas algo bem específico acontece em nós que nos desvia dele.
E, neste artigo, vou te mostrar isso que nos desvia do futuro e o que é necessário para retornar ao seu caminho. E o que vou dizer, ainda não foi dito.
Então, para tratar de como não se desviar …
… do seu futuro, vou mostrar o significado das expressões que vou usar. Emoção Insuportável, Aderência de Emoção Insuportável, Engrama, Restaurador de Configurações, Ciclo de Retorno e Autossabotagem.
A Emoção Insuportável é tão desagradável e difícil de suportar que o cérebro ou bloqueia, para a pessoa não sentir, ou a desliga da realidade, e ela se torna psicótica.
Um exemplo é o do que sente uma pessoa que tem medo de altura, ao cair do alto de uma montanha. O medo é tão grande, que ela pode morrer de medo, antes de cair no chão.
Ou seja, uma Emoção Insuportável pode matar
Quando o Brasil perdeu do Uruguai, na copa de 1950, 56 pessoas morreram de ataque cardíaco e 34 se suicidaram. Pessoas também morrem por uma dor de perda amorosa ou financeira.
A maioria de nós sobrevive. Mas as Emoções Insuportáveis deixam marcas que aderem ao corpo e podem permanecer por toda a vida. E o que essas marcas fazem altera o nosso futuro.
Essas marcas são aderências de energia da emoção insuportável que a pessoa sentiu. É o que eu chamo de Aderência de Emoção Insuportável ou Aderência Emocional.
Assim, para evitar a morte ou…
… que a pessoa se desligue da realidade, o cérebro memoriza um aprendizado de imediato, porque é uma emergência. E faz isso criando um Engrama. O cérebro memoriza criando Engramas.
É a memorização de um medo e do que ele (o cérebro) deve fazer: “Para sobreviver, não posso voltar a sentir essa emoção”. E o que ele faz para não voltar a sentir essa emoção?
Já que a energia de uma emoção passa por um trajeto muscular específico, então, o Engrama o tensiona. Isso gera um bloqueio para essa Emoção Insuportável não passar no futuro.
Mas esse bloqueio muscular bloqueia também…
… outra emoção. Bloqueia também a emoção oposta, já que uma emoção e a emoção oposta e complementar passam por um mesmo trajeto muscular. O terapeuta Charles R. Kelley foi quem descobriu isso.
Pelo trajeto muscular em que passa a tristeza, passa a alegria, em que passa o medo de perda afetiva, passa o sentimento de ganho afetivo, ou seja, o de ser amado.
Então, p. ex., se o Engrama bloqueia a Emoção Insuportável de perda afetiva, bloqueia também o sentimento de ser amado. E isso gera um sério problema.
Na verdade, dois problemas que alteram o nosso…
… presente e o nosso futuro. O primeiro é porque com a dificuldade de se sentir amada, a pessoa sente medo de perda, ciúmes, medo de ser traída. E isso gera problemas na relação.
Além de ela só conseguir se sentir feliz na relação quando tem um intervalo em seu medo. Aí ela sente segurança, por uma fase, mas o medo volta e ela vive oscilando.
É bem provável de acontecer na realidade o que ela teme: perda, separação ou traição. Esse é o primeiro problema. E isso a prejudica, porque a desvia de seu verdadeiro futuro.
O segundo problema ocorre quando a pessoa sente…
… a emoção agradável oposta à Insuportável com uma intensidade capaz de romper o bloqueio. No exemplo, ocorre quando a pessoa se apaixona, ao se envolver afetivamente.
As emoções que ela sente são intensas, e ela se sente muito bem. Parece que vai dar tudo certo e poderia dar. Mas o Engrama atua para reforçar o bloqueio da Emoção Insuportável.
E isso é feito de tal forma que a pessoa cai como um patinho. É de um modo tão sutil e bem feito que a própria pessoa, normalmente, não tem condições de perceber.
É como se a pessoa caísse do céu…
O casal está no bem bom, não há palavras com a intensidade necessária para descrever. Mas algo acontece e eles caem do céu…
Uma estrofe da música “Lua de Mel” do Lulu Santos (cantada por Gal Costa) insinua isso… Eu tô em lua de mel, eu tô morando num pedaço de céu, como o diabo gosta.
O autor dessa queda do céu é o Engrama (e não o diabo). Ele faz isso porque o sentimento paradisíaco de amor passa pelo bloqueio e, com isso, a Emoção Insuportável pode também passar.
Mas como o Engrama consegue fazer isso?
Ou ele abaixa o fogo da paixão e a pessoa se desapaixona ou gera o mesmo medo de perda da Emoção Insuportável, em intensidade menor. Isso já é uma alteração do presente e do futuro.
Aí começam os ciúmes, a desconfiança e o sentimento de que não está sendo amado ou amada. Ele faz isso juntamente com a Aderência Emocional. Mas como?
Como se ele fosse um excelente diretor de cinema, cria filmes internos. Cria Diálogos Internos Negativos sobre um tema que despertará um medo capaz de reforçar o bloqueio muscular.
Para isso, o Engrama dirige as emoções e…
… pensamentos da pessoa, antes da queda do céu. Essa conversação consigo mesmo é chamada de Diálogo Interno Negativo. E tal como em um bom filme, entramos na história como se fosse a realidade.
Após passar por algumas quedas do céu, a maioria contrai a crença de que a vida real é aqui embaixo. E que lá em cima é tudo um filme de fantasia. Para se adaptar, inverte a realidade.
Por isso, no filme Don Juan DeMarco, o protagonista diz: “Porque tantos querem acabar com a glória do amor? ”
Mas como você vai ver, este é um artigo com final feliz.
Após essa atuação do Engrama para manter…
… o bloqueio, o medo de perda semelhante ao da Emoção Insuportável volta. E aquela paixão e entrega afetiva diminui ou acaba. Muita gente diz que acabou a ilusão. Mas, será mesmo ilusão?
A pessoa volta a ficar como antes e o bloqueio também. Para o Engrama, a missão foi um sucesso. No entanto, para a pessoa, um fracasso. Observando isso inúmeras vezes…
Chamei essa atuação do Engrama de Restaurador de Configurações. Porque a “configuração” anterior da mente e do emocional da pessoa é restaurada. Com isso, ela se afasta de seu futuro novamente.
Vou contar uma história para ilustrar isso
Um rapaz que fez Biodanza comigo, na década de 80, tinha o cenho franzido de um cético. E, em uma entrevista, ele me contou que se apaixonou. E o seu cenho estava menos franzido.
Ele agora está acreditando no amor! Foi isso que pensei. E o trabalho que eu fazia naqueles grupos dava impulso para isso. Ele sofreu decepções na infância e se tornou cético na área do amor.
Mas ali estava ele… dizendo que esteve no carro cantando Chuva de Prata (Ed Wilson)… Toda vez que o amor disser: Vem comigo, Vai sem medo de se arrepender.
Mas, dois meses depois, ele estava mais pensativo…
… e menos espontâneo em suas emoções. Um pouco triste, disse:
“Eu posso estar enganado. Mas talvez ela não esteja tão apaixonada como eu”. Ah se eu soubesse naquele tempo o que sei agora…
… não só teria percebido o que acontecia, como saberia ajudá-lo a não perder esse amor. Usando a função de Restaurador de Configurações, o Engrama o trouxe de volta.
Em pouco tempo, o seu cenho estava tão franzido quanto antes. Porque tudo voltou ao normal. Ele estava de volta ao ceticismo na área do amor e aquela Emoção Insuportável estava bloqueada.
Naquele tempo, eu pensei: “É autossabotagem“
Eu não sabia o que sei agora. A palavra Autossabotagem diz o que aparenta ser, pois aparentemente ele atuou contra a felicidade do seu presente e do seu futuro.
Mas, na verdade, não foi ele nem seu inconsciente o que atuou. Ele estava inconsciente do que aconteceu, mas quem atuou foi o Engrama na função de Restaurador de Configurações.
Por isso, esse retorno às configurações anteriores do emocional não é Autossabotagem, é um Ciclo de Retorno. E o Ciclo de Retorno nos desvia do nosso verdadeiro futuro.
Uma ilustração do Ciclo do Retorno na música…
… Historia de un Amor. Autor da música, Carlos E. Almarán desnudou o Ciclo do Retorno com um belíssimo poema. E, interpretada pelo casal French Latino, eleva o sentimento às alturas.
Em teus beijos eu encontrava
O calor que me brindava
O amor e a paixão…
Esta é a história de um amor
Que deu luz à minha vida
Apagando-a depois
Uma beleza enorme descrevendo um Ciclo de Retorno
Essas belas estrofes mostram o amor levando a uma dor de perda difícil de suportar? Não! Porque não é o amor o que leva a essa dor.
É uma Emoção Insuportável de dor de perda, talvez da infância. Que deixou uma Aderência Emocional e um Engrama, para não se voltar a senti-la, já que ela é insuportável.
Mas, para ela não passar, precisa manter o trajeto muscular bloqueado. Porque, ao se sentir o calor que brinda o amor e a paixão, essa emoção intensa desbloqueia o mesmo trajeto da Emoção Insuportável.
No entanto, chegar a seu verdadeiro futuro é possível
O processo para acabar a canção de dor de perda no seu coração segue um caminho inverso ao da sua criação. Por isso, a dissolução da Aderência da Emoção Insuportável é o início.
Após isso, torna-se mais fácil redirecionar os Diálogos Internos Negativos criados pelo Engrama. Isso faz o Engrama entrar em desuso e acabar o Ciclo de Retorno.
A chamada Compulsão a Repetir acaba, pois deve-se a (e é) um Ciclo de Retorno. Então, o nosso verdadeiro futuro reaparece em nosso caminho, embora nunca tenha saído daí.