Pular para o conteúdo

Viver ou apenas sobreviver, a mais importante das questões

Protected by Copyscape
Selo do Registro de Obras
Direitos Autorais

Viver não é apenas estar vivo, é um específico jeito de existir. São dois os jeitos de existir: viver e sobreviver. Dou um sentido específico a essas duas palavras, para mostrar o que não é tão conhecido.

Viver intensamente faz parte do jeito de existir chamado Viver, mas nem tudo que é intenso faz. A pessoa pode estar tomando champanhe acompanhado de castanha de caju e queijo suíço.

E também estar em uma casa na colina, frente ao mar, na Barra do Sahy, olhar a beleza e sentir uma alegria íntima arrepiante por tudo que vê e sente. É viver.

Foto da vista da casa da colina - Barra do Sahy
Vista da casa da colina – Barra do Sahy | euvoubaterpratu.com

Pode estar em companhia de quem ama…

E sentir o amor de casal com a intensidade que faz parte do Jeito Viver de Existir. Ou pode perguntar com temor e ciúme… “Você escolheu esta casa, porque já esteve aqui com outra? ”

E essa segunda opção é do Jeito Sobreviver de Existir. A presença do outro, a beleza do mar e o sabor gostoso do champanhe… já não levam ao Jeito Viver de Existir.

No dia seguinte, os dois acordam com a sensação de que a noite anterior não foi tão boa quanto desejavam. Ela acorda magoada, ele mais ensimesmado que o normal.

Ele nem se lembra do que rolou, mas ela recorda bem

Ela sofreu uma dor de perda afetiva Difícil de Suportar no passado, ele também. Puxa, eles deveriam se entender melhor. Afinal, sabem o quanto dói uma perda afetiva!

Deveriam saber o quanto é importante manter o amor que têm. “Mas o filho da mãe não diz uma palavra”, pensa ela, também calada. Será que ele vai fazer de conta que nada aconteceu? “

“Parece um demente! Ele não se dá conta que isso pode acabar a nossa relação?” Ela não consegue entendê-lo pelo ângulo dele. Nem ele consegue entendê-la pelo ângulo dela.

Mas o que é que se passa com ele?

Ele é um engenheiro, às vezes tem que viajar a trabalho e a convidou, porque deseja estar junto…, “Mas por que ele não fala nada?” “Bastaria dizer que me ama e me abraçar”.

“Por que quando eu mais preciso, ele fica seco, só usa monossílabos… Fala um dissílabo, vai!” “Me chama de a-mor!” Mas não é à toa que ele aguenta tanto tempo sozinho, fazendo cálculos.

Essa é a zona de conforto dele, é o santuário que o protege das correntezas do mar, com suas mudanças caóticas e arriscadas, como a de perder um amor ou de se perder em um amor. Ele se afasta disso.

Por outro lado, ela aprimorou o alarme para tudo…

… que leva à perda. “Mas os dois não passaram pela mesma experiência de sentir uma dor de perda afetiva? ” Sim, mas ela reagiu procurando alguém que suprisse aquela perda afetiva e ele não.

Ele reagiu empurrando a dor de perda para dentro de um armário, trancou e jogou a chave fora. Com isso, teve sossego para estudar Mecânica dos Fluidos por horas a fio, quando universitário.

Ela quer viver o amor intensamente, ele quer uma relação estável, sem ameaças de perda. Por isso, não fala aquele dissílabo que abranda o medo dela, para não sentir medo de se perder no amor.

O jeito de um se defender do medo de perda é

… o oposto do jeito do outro. O jeito de um se defender de seu medo e de sua dor fustiga e ameaça o jeito do outro. Neste momento, se você leu o artigo sobre dois bicudos, …

… já sabe que se trata de um exemplo. Ela precisa que ele abra o coração e a ame despudoradamente. Mas ele viveu a adolescência arrumando o espaço interno de seu santuário protetor.

Ela viajava para Salvador nas férias, quando era universitária, adorava um acarajé com molho de camarão, vatapá e pimenta. Assistia ao pôr do sol em Itapuã, tomando caipirinha.

Quantas emoções, quantas cores, isso é que é viver

Ele achava ela um barato. Gostava de sua alegria, de sua paixão, de sua sede de viver, de sua emoção, de seus sorrisos… tudo que ele poderia ser e viver intensamente.

E ela se atraiu pelo seu oposto, pelo sorriso comedido e compreensivo que ele tinha para ela. E até pelas roupas de cor azul tom sobre tom que ele usava. Pois, ele era comedido em suas expressões…

Mas ela também gostava disso, às vezes brincava segurando e agitando ele pelos ombros… “Vamos lá, vamos atrás do trio elétrico. ” E ele ia feliz. Mas o tempo passou.

Foto da vista do restaurante da Barra do Sahy
Foto da vista do restaurante da Barra do Sahy

À noite, foram jantar na Barra do Sahy

Em um restaurante com vista para o mar e para uma ilha. O sol começava a se por. Ele pediu uma água tônica com gelo e ela, uma caipirinha.

Os dois calados, enquanto começava o pôr do sol. E uma música antiga que ela gostava começou a tocar. “Fazia tempo que eu não escutava”, ela disse, puxando conversa.

“É… ”, respondeu ele, deprimindo mais ainda o seu medo de perda e o seu desejo de viver.

Era a música Mordaça, de Paulo César Pinheiro

Tudo o que mais nos uniu, separou…
Da mesma forma que quis, recusou…
O mesmo alento que nos conduziu debandou…

… Mas só se a vida fluir sem se opor…

Ela olhou para baixo, em direção à mesa, e duas lágrimas caíram na toalha, enquanto escutava…
Mas só se for seja lá como for…

Mas as emoções intensas nem sempre são do Jeito Viver

E isso é o que está acontecendo com eles, mais com ela que com ele. Em um lugar do cérebro de cada um, esse final estava sendo construído, sem essa intenção.

E as Emoções Insuportáveis que cada um sentiu no passado, mesmo sendo eles vítimas de dor semelhante, foi o que teceu no cérebro deles esse futuro que faz parte do Jeito Sobreviver.

Você pode estar pensando “Será que foi autossabotagem? ”. Sim e não. Foi o que chamam de autossabotagem, mas que não é. Foi algo que o cérebro faz para se sobreviver.

O que é que faz dois bicudos não se beijarem

É também o que leva cada ser humano a sair do Jeito Viver de Existir para o Jeito Sobreviver. É sentir um tipo de emoção que cria uma aberração na natureza do ser humano.

Faz com que ele funcione emocionalmente de um modo que nos parece irracional, quando vemos isso no outro. Por isso, parece ser uma autossabotagem…

Mas conhecendo o mecanismo que atua por trás do sentir e do agir da pessoa, perceberemos a lógica de como ela funciona.  Apesar de se basear em uma premissa falsa. Vou te mostrar isso.

O que tira uma pessoa do Jeito Viver de Existir…

…para o Jeito Sobreviver é ela sentir uma Emoção Insuportável. Porque esse tipo de emoção é o que gera os problemas emocionais. E estes são o que nos tira do Jeito Viver.

Neste artigo, eu mostrei que são as Emoções Insuportáveis o que gera problemas emocionais e mostrei que isso ocorre por causa da formação de Engramas que são Focos de Medo.

Os Engramas são memórias do que aprendemos. E os que geram problemas emocionais são aprendizados do que se tem que vir a temer, para sobreviver. E isso nos tira do Jeito Viver.

Explicando um pouquinho mais…

Esse tipo de Engrama cria novos medos que a pessoa terá que ter para poder sobreviver. Mesmo se ela viver em um paraíso, onde nada causará uma emoção Insuportável.

Porque o Engrama é formado para a pessoa parar de sentir a Emoção Insuportável. E ele faz isso bloqueando por tempo indefinido o trajeto muscular por onde a energia dessa emoção passa.

Ou seja, o Engrama continuará mantendo o bloqueio muscular por tempo indefinido. E ele vai até jogar sujo para manter esse bloqueio muscular, como fez naquela noite.

Então, lembre-se daquela noite linda

… com luar no céu e o mar prateado que o casal apreciou do alto da colina, na Barra do Sahy. E lembre-se da pergunta que ela fez.

“Você escolheu esta casa, porque já esteve aqui com outra?” Por que você acha que ela fez essa pergunta, logo quando tudo estava quase no auge do bem bom?

Algum terapeuta de décadas atrás disse que isso é autossabotagem. “Ela não suporta ser feliz! ” Na verdade, ele descobriu o fenômeno, mas não como ele é gerado.

Mas por que essa pergunta saiu de supetão da boca dela?

Para responder, vou lembrar que as emoções opostas seguem pelo mesmo trajeto muscular, conforme o artigo sobre felicidade deste blog.

Então, a emoção da entrega afetiva passa pelo mesmo trajeto da Emoção Insuportável oposta de dor de perda afetiva. Por isso, se ela sentisse o auge da entrega afetiva, a passagem dessa energia abriria o bloqueio muscular.

E ela voltaria a sentir a Emoção Insuportável de perda afetiva do passado. Então, o Engrama jogou sujo, para ela não entrar no melhor do bem bom, criando um Diálogo Interno.

E qual foi o Diálogo Interno criado pelo Engrama?

“Psiu, ele deve ter vindo aqui com uma amante…” O Engrama Foco de Medo é um excelente diretor de cinema. Porque ele cria a cena perfeita que gera o medo necessário à manutenção do bloqueio muscular.

Por isso, em vez de sentirmos o amor ou a alegria até o auge, sentimos o medo que nos traz de volta ao cercadinho emocional que ele criou. Isso é o que acontece, por trás do que chamam de autossabotagem.

E, sim, o Engrama gerador de medos é um exímio criador de Diálogos Internos Negativos. Mas não de qualquer um, só daqueles que servem para manter o bloqueio muscular e emocional.

O final da história do casal lá da Barra do Sahy

Dessa forma, a tendência é cada um sofrer mais de seu próprio, específico e típico sofrimento, e se separarem dolorosamente.

Embora não tenha sido criado com essa finalidade, o Engrama que é um Foco Criador de Medo se torna um mecanismo criador de futuros indesejados ou dramáticos.

Mas isso não precisa continuar assim, por toda vida.
Isso é reversível. E, neste artigo, o resumo do caminho para a reversão está nas entrelinhas.

Além disso, é o Jeito Viver de Existir, e não…

o Jeito Sobreviver, o que cria o ambiente fecundo para a genialidade que cada pessoa traz em si. Já o Jeito Sobreviver de Existir é o que a leva a não expressar suas potencialidades criativas e produtivas.

Eu dei como exemplo o efeito de um problema emocional na vida afetiva de um casal. Mas pode acontecer em outras áreas. No entanto, revertendo isso, voltamos a viver intensamente e a ser mais criativos.

O que aconteceria se o exército de bebês criadores de soluções que nasce todos os dias não fosse empurrado do Jeito Viver de Existir para o Jeito Sobreviver? Que soluções já teríamos criado?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *