Felicidade não é uma condição externa que se atinge, não é um lugar a que se chega nem mesmo uma relação de amor. Essas condições externas são cenários que ajudam.
O resgate da felicidade é o propósito de cada letra do que eu vou escrever, agora. Existe um jeito de como ser feliz e esse jeito é algo que se faz em si mesmo.
Eu nunca ouvi ninguém dizer o que vou dizer, nem mesmo eu, antes de ter visto, hoje, o sol nascer. Foi esse momento de felicidade que plantou isso aqui, no coração.
Como ser feliz e preservar a felicidade
Como a felicidade depende de se estar livre de problemas emocionais, para não se viver a repetição dos dramas do passado, o jeito de como ser feliz que conheço é acabar com eles.
Porque os dramas internos são resultados das alterações que nosso emocional sofreu, por termos vivido Emoções Difíceis de Suportar.
Mas nós podemos reverter isso, e resgatar o funcionamento emocional anterior à Emoção Insuportável, que não cria dramas em nossa vida. E eu vou mostrar como.
E por que nós podemos reverter isso e ser feliz?
Porque, quando saímos do útero de nossa mãe, temos o poder de ser feliz, pois nascemos com esse poder. Embora, um minuto depois, comecemos a perdê-lo.
Porque – conforme o Dr. Frederick Leboyer – o parto pelo qual passamos é diferente do parto dos outros mamíferos. Ele mostra isso em seu livro “Nascer Sorrindo”.
Ele mostra que, em nosso parto, o cordão umbilical é cortado antes de parar de pulsar, diferente do que ocorre com os outros mamíferos.
E isso gera uma dor física insuportável
Conforme o Dr. Leboyer, o aparelho respiratório do bebê não está pronto para receber o oxigênio, até que o cordão umbilical pare de pulsar. E isso leva de 4 a 6 minutos.
Em vista disso, conforme disse em seu livro, o bebê resiste muito a fazer a primeira inspiração. E, ao fazer, o oxigênio queima toda a mucosa de seu aparelho respiratório.
Conforme suas próprias palavras, “O ar que entra e varre a traqueia, que desdobra os alvéolos, tem o efeito de ácido derramado sobre um ferimento”.
Mas sentir essa dor traz problema para o bebê?
Em seu livro, o Dr. Frederick Leboyer responde: “Pensar que de um tal cataclismo não fiquem marcas é muita inocência! ”.
Em um artigo sobre problemas emocionais mostro que as Emoções Difíceis de Suportar deixam marcas que alteram o nosso emocional e geram dramas internos.
A dor é uma sensação, não uma emoção. Mas, tal qual as emoções, a sensação de dor insuportável altera o nosso emocional. E, da mesma forma, essas alterações são o que corrói nosso poder de ser feliz.
E, depois do parto, vem a infância e a educação
Nessa fase e nesse processo, é provável a criança sentir Emoções Difíceis de Suportar. Seja devido à educação, ao relacionamento com a família ou a perdas afetivas.
As perdas afetivas podem ocorrer por morte da mãe ou do pai, mas também por mudanças na forma como eles se relacionam com a criança.
Além disso, a adolescência é um “prato cheio” para o adolescente sentir Emoções Difíceis de Suportar. O Bullying, o fim dos namoros, as discriminações…
Mas esse tipo de emoção gera bloqueios musculares
A marca das emoções apenas desagradáveis desaparece em horas ou dias. Mas a energia das Emoções Difíceis de Suportar ou Insuportáveis aderem ao corpo.
Essa Aderência Emocional cria uma memória no cérebro, que atua para a pessoa não voltar a sentir aquela Emoção Insuportável. Essa memória chama-se Engrama e atua como um Foco (criador) de Medo.
Esse Engrama ou Foco de Medo gera ordens para tensionar a musculatura em que a Emoção Insuportável passou, gerando um bloqueio muscular para ela não voltar a passar.
E qual é o problema que um bloqueio muscular cria
O bloqueio muscular é criado para a Emoção Insuportável não voltar a passar. Mas a emoção oposta e agradável também passaria pelo mesmo trajeto muscular.
Quem descobriu que a emoção oposta passa pelo mesmo trajeto muscular foi Charles R. Kelley. Ele foi aluno de um aluno de Wilhelm Reich, que provou que emoção só ocorre com movimento de energia.
Então, o problema criado por um bloqueio muscular é que a pessoa passa a ter dificuldade de sentir as emoções agradáveis que a faz ser feliz.
Por isso, o bloqueio muscular corrói a felicidade
A felicidade é também um estado de espírito criado por sentimentos agradáveis que nos fazem ser feliz. Como a paixão ao que se dedica, o sentimento de amar e ser amado…
Mas se o Engrama bloqueia um trajeto muscular para não passar o sentimento de uma perda afetiva insuportável, também não passa o de ser amado. Porque eles passam pelo mesmo trajeto.
Por isso, o bloqueio muscular corrói a felicidade. E o que também corrói, é o Engrama, por ser um Foco de Medo e gerar medos para a pessoa não voltar a sentir a Emoção Insuportável.
Por exemplo…
Em um artigo, eu conto um pouco da história do Pedro que, quando seu pai perdeu o emprego e deu a notícia, ele sentiu uma Emoção Insuportável de medo de não ser sustentado.
Essa emoção de medo foi mais intensificada ainda, pela reação de sua mãe, ao perguntar ao pai: “E como nós vamos sustentar o Pedro? ”
Ele sentiu um grande medo de não ser sustentado pelos pais. E cresceu com dificuldade de sentir a emoção oposta e agradável, a de segurança financeira.
Até aqui você viu o problema, agora, vamos à solução
Wilhelm Reich, entre outras coisas, focou a dissolução dos bloqueios musculares para resolver problemas emocionais. E criou técnicas efetivas para isso. Ele morreu em 1957, e deixou uma obra muito rica.
Já em outro ramo da ciência, em 1955, a descoberta do Engrama deu início à ciência da Neurofisiologia do Aprendizado. Isso interessaria ao Reich, mas ele não teve acesso a isso.
Em 1986, eu estava escrevendo um livro e estava curioso a respeito do que mantinha a tensão crônica dos músculos, ou seja, o que mantinha os bloqueios musculares.
Se não fosse a curiosidade que tive nesse dia…
… este artigo não estaria sendo escrito. Eu nem mesmo sabia o que iria encontrar. Então, ter ido exatamente ao lugar certo, me fez acreditar que fui levado até lá.
Fui à Universidade de São Paulo, onde vendiam livros científicos. Achei um que tratava de Engramas e, depois de ler, comecei a ver que eles pareciam frear a mudança que as pessoas desejam.
Depois, percebi que os Engramas é que criavam e mantinham os bloqueios musculares. E foi essa ponte entre a obra do Reich e os Engramas o que me mostrou a solução de um problema emocional.
Os Engramas mantêm o jeito como as pessoas…
… ficaram, depois do que a Emoção Insuportável gerou nelas. Ou seja, eles mantêm a dificuldade de a pessoa sentir a emoção oposta e agradável com intensidade. Que foi o que aconteceu com o Pedro.
E isso é o que causa a Resistência à Mudança. Nos filmes, as pessoas mudam com tanta facilidade e o filme tem final feliz. Mas na vida real, não. E é isso que é o segredo para destravar…
… a mudança que as pessoas querem ter em si e em suas vidas. É isso que faz uma pessoa acabar seu medo de amar e o amor dar certo na sua vida e ela reencontrar a felicidade.
Veja um exemplo disso
Comecemos pela causa. Então, imagine que a Emoção Insuportável do Pedro seja uma dor de perda afetiva e ele tenha se tornado cético em relação ao amor de casal. Mas, um dia, ele se apaixonou.
Ele poderia sentir um amor tão intenso a ponto de romper o bloqueio muscular. Ficaria nas nuvens e tudo indicaria um final feliz. Até que o Engrama reagisse a isso como se fosse uma ameaça.
E começasse a criar Diálogos Internos que gerassem medo de perda afetiva, como ciúme, medo de traição, de não ser amado. Aí, a felicidade acaba. E muitos dirão: A vida é assim.
Mas a vida não precisa ser assim…
O amor e a paixão podem ser um estado de lucidez e não de ilusão. Porque a vida só fica assim, semelhante à de tantos que ficam infelizes, porque o Engrama ainda cumpre a função de manter o bloqueio muscular.
No caso do Pedro, para que ele não voltasse a sentir aquela Emoção Insuportável de dor de perda, de vários anos atrás. Por isso, o Engrama se torna para nós um conservador, um retrógrado, um estraga-prazer.
Porque esse tipo de Engrama é apenas uma ordem neurológica congelada no tempo, por um momento dramático do passado. E o medo do Pedro também parou no tempo.
E o que os filmes de final feliz têm a ver com isso?
Para esses filmes chegarem ao final feliz, eles pulam essa parte do Engrama que dificulta a mudança das pessoas. Pulam, porque a causa e a solução são desconhecidas.
Mas nós que gostamos de filmes de final feliz queremos isso também aqui em nossa realidade. Está difícil achar amor e felicidade por essas bandas, de cá…
Ou seja, sem a solução, o amor e a felicidade estão saindo d’A Realidade para habitarem apenas nos filmes de final feliz e do outro lado do arco-íris.
Lá, do outro lado, a realidade é outra …
Tem um pote de moedas de ouro e a prosperidade se consegue com facilidade. Além disso, os problemas são resolvidos em um piscar de olhos.
Então, considera-se que existem duas realidades, uma é a Realidade do Mundo da Fantasia, onde resolver problemas não é problema. E essa está lá longe… e quem conseguiu atravessar o arco-íris não voltou aqui para contar.
E a outra é chamada de “A Realidade”, que é gerada pelas Emoções Insuportáveis e, por algum motivo, luta muito para ser considerada a única realidade existente.
Mas existe uma terceira realidade…
É “A Realidade Que Podemos Criar”. Nela, os problemas não se dissolvem em um piscar de olhos, mas podemos dissolvê-los a tempo de vivermos o amor e a felicidade.
Podemos dissolvê-los, trocando a memória emocional, ou seja, o Engrama que os mantêm. E essa troca nos permite sentir com intensidade a emoção oposta e agradável. A de amar e sentir-se amado, no exemplo do Pedro.
E essa emoção oposta e agradável é a que Tony Robbins chamou de a emoção certa, ao dizer, “se tiver a emoção certa, você realiza qualquer coisa”.
Ou seja, você pode realizar um propósito, um sonho
Se desbloquear a Emoção Oposta e Agradável que o Engrama mantém bloqueado. Toda emoção agradável e oposta à Emoção Insuportável te permite realizar um sonho.
E, quando você se libera da dor de perda dramática e insuportável do teu passado, a dor que por outra perda você também venha a sentir dói, já que és humano, mas não como aquela.
E, agora, com a segurança de que outro tombo não será insuportável, mas apenas doloroso, você está livre para amar, para se entregar e receber a entrega de quem te ama.
Felicidade não tem fim, tristeza sim…
Um belo poema sobre a felicidade se encontra na música “A felicidade” do Tom Jobim. Ele associa a felicidade à gota de orvalho em uma flor, algo de curta duração, passageiro.
E, por cair como uma lágrima, a associa a algo que vai levar à tristeza. Só um grande poeta e compositor consegue criar beleza em uma dor associada à perda afetiva.
Mas definitivamente não precisa ser assim, na realidade de nossas vidas. Porque é possível transformar uma vida preenchida pela dor de perda afetiva, em uma na qual se sente felicidade e se aprecia cada parte do dia.